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Artigo

3 min

O trabalho remoto e a síndrome de burnout

RH internacional

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Autor

Paula Machado

Publicado

03 dezembro, 2024

Última atualização

03 dezembro, 2024

Deux personnes parlent sur un canapé
Índice

Implemente políticas flexíveis e expectativas realistas

Ofereça recursos de saúde mental e incentive pausas regulares

Garanta a equidade global dos benefícios para todos os colaboradores

Principais conclusões
  1. A síndrome de burnout se caracteriza pelo estresse crônico na vida profissional, com sentimentos de exaustão emocional, esgotamento, e negatividade, além da queda na produtividade.
  2. O burnout entrou para a Classificação Internacional de Doenças em Janeiro de 2022, quando vimos uma crescente discussão global sobre o tema, em virtude dos impactos do trabalho remoto.
  3. As empresas devem priorizar o cuidado com o bem-estar e a saúde mental no trabalho remoto, com ações cotidianas e estratégicas que previnam casos de burnout e apoiem de forma responsável e efetiva os quadros de burnout já diagnosticados.

A síndrome de burnout – em português, referenciada também como síndrome do esgotamento profissional ou exaustão emocional no trabalho – adquiriu uma relevância crescente com o trabalho remoto. Isso porque, com as pessoas trabalhando mais em casa, o equilíbrio entre vida pessoal e profissional ficou mais difícil de alcançar.

Apesar de já ser uma questão antiga e inerente à saúde mental no trabalho, em 2022, a síndrome de burnout foi classificada globalmente como doença ocupacional. Ela está entre um dos grandes impactos do trabalho remoto – que se intensificou na pandemia e seguiu depois dela em grande parte das organizações.

De acordo com dados do INSS, foram 421 afastamentos por burnout em 2023 no Brasil (dados de 2024 ainda não foram divulgados). Isso significa um aumento de 136% em relação ao período pré-pandemia: em 2019, foram 178 afastamentos pela doença.

Quando se considera o período de uma década, o índice de afastamento do trabalho por burnout subiu quase 1.000% (em 2014, foram 41 casos no Brasil). O levantamento do INSS se refere ao número de diagnósticos para concessão de auxílio-doença.

No entanto, pode haver uma subnotificação do burnout. Segundo reportagem da BBC, estima-se que 40% das pessoas economicamente ativas sofram de burnout atualmente.

Neste artigo, entenda melhor sobre esse problema global, veja qual é a definição de burnout e as principais causas e consequências – tanto para o bem-estar dos colaboradores quanto para a produtividade e a cultura das empresas. Também veja dicas de como criar um ambiente de trabalho saudável para equipes remotas e prevenir a sua organização dessa síndrome.

Definição da síndrome de burnout

Em 1º de janeiro de 2022, a síndrome de burnout passou a ser considerada uma doença ocupacional. Ela foi incluída na Classificação Internacional de Doenças (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS), sob o código QD85.

Esse reconhecimento trouxe uma abordagem científica aos casos que já eram discutidos como tal no mercado de trabalho, mas comumente endereçados em outros diagnósticos, como depressão ou ansiedade. Mesmo com a classificação do burnout como síndrome ocupacional, cada caso deve ser analisado individualmente, com apoio de profissionais especializados e suporte da empresa.

Sintomas do burnout

Os sintomas variam de pessoa para pessoa, mas, em geral, como aponta a OMS:

“Burnout é uma síndrome conceituada como resultante de estresse crônico no local de trabalho que não foi gerenciado com sucesso. É caracterizado por três dimensões:

  • Sentimentos de esgotamento ou exaustão de energia;
  • Aumento da distância mental do trabalho ou sentimentos de negativismo ou cinismo relacionados ao trabalho; e
  • Eficácia profissional reduzida.”

O que pode causar o esgotamento no trabalho remoto?

Existem diversas causas para a exaustão emocional no trabalho remoto ou presencial. Porém, cinco delas costumam ser mais frequentes:

  1. Conectividade constante e falta de equilíbrio entre trabalho e vida pessoal

A transição para o trabalho remoto acabou gerando a sensação de que se está o tempo inteiro trabalhando. Uma das principais causas é o fato de que os dispositivos usados no trabalho e na vida pessoal são os mesmos.

Colaboradores e lideranças passaram a ter Slack, Teams e afins no celular. O trabalho passou a se fazer mais presente no Whatsapp. E qualquer olhada no notebook fora do horário de trabalho pode trazer uma notificação de alguma conversa profissional. Equilibrar isso de forma saudável ficou ainda mais complexo com equipes internacionais, que trabalham em diferentes fusos horários.

Por exemplo: um colaborador dentro do horário de trabalho no seu país envia uma mensagem a colegas ou líderes que, por estarem em outros lugares do mundo, podem já ter finalizado ou ainda não iniciado o dia de trabalho.

Além disso, a flexibilidade do trabalho remoto pode acabar confundindo a rotina de trabalho. A possibilidade de priorizar uma necessidade pessoal no meio da jornada de trabalho e de concluir as tarefas profissionais em outro momento do dia ou da noite é um saldo positivo do trabalho remoto para muitas pessoas.

Mas, ao mesmo tempo, isso gera uma diluição do trabalho ao longo da rotina pessoal. É um novo cenário que demanda uma forte habilidade de autoliderança e gestão do tempo, para que não atrapalhe o equilíbrio entre vida pessoal e profissional – uma das maiores causas do burnout.

  1. Carga de trabalho excessiva

Produtividade e burnout possuem uma correlação direta em muitos casos. Em um mundo acelerado, em transformação constante, as organizações têm novos desafios a todo momento.

Nesse contexto, colaboradores e lideranças podem passar a assumir mais funções – seja por necessidade trazida pela empresa, seja por proatividade. Independente de como acontece, essa nova carga de trabalho pode se tornar excessiva se não houver uma gestão de pessoas aprimorada.

Portanto, o RH precisa estar atento a esses movimentos, para que a busca contínua por produtividade, individual ou coletiva, não seja desenfreada e acabe resultando em burnout.

  1. Isolamento

O trabalho remoto não foi uma novidade na pandemia. Diversas empresas, especialmente nos EUA, já vinham fazendo uma transição gradual para o remoto. Em geral, era um modelo já bastante aplicado na área de tecnologia. Entretanto, com a covid, todos os escritórios e sedes fecharam da noite para o dia.

Colaboradores que estavam acostumados com o presencial viram prejuízos no isolamento. Se por um lado, uma grande parcela considera o trabalho remoto positivo pela flexibilidade que trouxe, por outro, muitos profissionais sentem consequências negativas. Algumas delas são:

  • Falta da colaboração cotidiana
  • Relações enfraquecidas pelo contato apenas virtual
  • Escassez de feedbacks informais (que ocorrem mais naturalmente no presencial) e, com isso, inseguranças sobre o desempenho
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4. Expectativas irrealistas

As expectativas irrealistas em relação ao trabalho são um dos principais catalisadores da síndrome de burnout. Isso porque elas geram um ciclo constante de inadequação, frustração e esgotamento.

Essa causa proeminente do burnout, muitas vezes, se deve a metas excessivamente altas – irreais ou mal definidas. Assim, os colaboradores se sentem pressionados a uma superação constantemente dos seus limites. E isso prejudica o descanso e o bem-estar geral no trabalho.

Expectativas mal calibradas levam à sensação de que os esforços são insuficientes. E aqui, mais uma vez, produtividade e burnout se confundem, em um desequilíbrio bastante nocivo para qualquer nível hierárquico.

Consequências do burnout para os colaboradores e as empresas

A síndrome de burnout gera consequências negativas tanto para os colaboradores quanto para as organizações. No âmbito individual, os principais impactos são desgaste emocional e físico, queda na produtividade e, além disso, doenças correlacionadas.

Para as empresas, o burnout gera altas taxas de rotatividade, compromete resultados e pode levar até a implicações jurídicas. De uma forma geral, mesmo que seja um caso isolado, o burnout impacta o moral da equipe e a cultura organizacional, comprometendo o engajamento e o clima positivo.

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Como as empresas podem apoiar as equipes remotas para um ambiente de trabalho saudável

É fundamental que todas as organizações estabeleçam políticas de bem-estar e saúde mental, principalmente em um contexto de trabalho remoto e equipes distribuídas. Confira algumas dicas para mitigar os riscos de burnout na sua empresa:

Implemente políticas flexíveis e expectativas realistas

A flexibilidade é um dos pontos positivos do trabalho remoto. Mesmo com o retorno ao presencial ou o modelo híbrido, as empresas devem considerar esse benefício, a fim de que os colaboradores consigam manter um bom equilíbrio da vida pessoal e profissional.

Além disso, as organizações precisam trabalhar com metas e OKRs realistas, que sejam adequadas às circunstâncias de mercado e às capacidades de cada colaborador ou líder. Isso é essencial para que não haja sobrecarga de trabalho e frustração contínua por esforços sempre insuficientes.

A cultura de alta performance ganha força e é fundamental equilibrá-la, para que o trabalho não se torne uma fonte de estresse contínuo, sem realização ou reconhecimento. Para isso, alinhe as expectativas com a realidade.

Ofereça recursos de saúde mental e incentive pausas regulares

Como vimos acima, o equilíbrio da vida pessoal e profissional também pode ficar comprometido com a própria flexibilidade do remoto. Por isso, as organizações devem incentivar que os times cumpram as pausas ao longo do dia de trabalho, além de trabalharem dentro da carga horária.

É também importante oferecer benefícios relacionados à saúde mental, como psicoterapia e plano de saúde que contemple outras terapias e atividades fundamentais ao bem-estar.

Garanta a equidade global dos benefícios para todos os colaboradores

Ao disponibilizar pacotes de benefícios, é crucial que as empresas os ofereçam a todos os times e níveis hierárquicos. Essa equidade no tratamento de todos os colaboradores e lideranças impacta diretamente na cultura, no engajamento e na produtividade.

Na gestão de equipes internacionais, isso costuma ser um desafio. Mas é algo possível e fácil de alcançar quando as organizações buscam parceiros especialistas em contratação remota e gestão global, que conseguem implementar os benefícios de acordo com as melhores soluções locais e a conformidade legal de cada país.

Soluções Deel para o bem-estar dos funcionários

A Deel é especialista em gestão de equipes globais. Ajudamos milhares de empresas ao redor do mundo a gerenciar desde contratações e folha de pagamento a pacote de benefícios e gestão de desempenho.

Para contribuir com o desafio da oferta de benefícios para equipes remotas, preparamos o Template de Benefícios Globais – um documento gratuito para você usar na elaboração de programas de benefícios equitativos na sua empresa.

Também no sentido de promover uma ambiente de trabalho mais saudável, desenvolvemos o Deel Engage – uma ferramenta que facilita a conexão, o bem-estar e o engajamento dos times.

Quando os funcionários colaboram e partilham as suas competências e conhecimentos, sentem-se mais ligados uns aos outros e contribuem para um ambiente de inovação e crescimento. No longo prazo, a colaboração estruturada e proposital dá aos funcionários um sentimento de pertencimento, evita o esgotamento e os incentiva a trabalhar juntos para atingir metas e resolver problemas.

Tarek Salam,

Country Leader, UAE, Deel

Previna o burnout na sua empresa

O burnout no trabalho remoto consiste em um dos grandes problemas enfrentados hoje na gestão de pessoas. E, para minimizar os impactos, é fundamental que as organizações abordem o esgotamento de forma proativa. Isso passa pela identificação dos casos e apoio ao colaborador na solução do problema.

Mas, antes disso, é preciso atuar de forma preventiva, para evitar o desencadeamento do burnout. Esse olhar deve ser aplicado em todas as áreas e níveis da empresa. Um dos principais caminhos para isso é investir em benefícios relacionados ao bem-estar e à saúde mental, se preocupando sempre com a oferta igualitária para todos os profissionais, independente do lugar onde atuam.

Equipes saudáveis emocionalmente trabalham melhor. Essa premissa está cada vez mais consciente no mercado de trabalho, a partir dos aprendizados recentes com a onda de burnout na pandemia. Garanta que a sua organização olhe para esse tema com a responsabilidade que ele exige.

Apoiar o bem-estar da sua equipe é essencial para construir uma força de trabalho remota resiliente. A Deel disponibiliza ferramentas como o Template de Benefícios Globais para ajudar você a montar um pacote de benefícios competitivos e compatíveis em qualquer lugar do mundo.

Já com Deel Engage, você fomenta a conexão e a colaboração dos times, e cuida da saúde mental e da produtividade de sua equipe. Saiba como a Deel pode ajudá-lo a criar uma equipe mais saudável e feliz hoje.

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Sobre o autor

Paula lidera o Marketing da Deel no Brasil. Com mais de uma década de experiência em startups, ela já comandou projetos de Inbound Marketing e Inside Sales para mais de 50 empresas. Defensora do trabalho remoto e flexível como o futuro do trabalho, Paula acredita que ele traz de volta a paixão e a humanidade às nossas rotinas, criando pontes entre fronteiras e unindo o mundo do trabalho. Nos intervalos para o almoço, você pode encontrá-la no mar, praticando kitesurf.

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